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O Bosque do Alemão e sua história

O Bosque do Alemão é um dos destinos turísticos mais populares e também um dos mais bonitos e atrativos de Curitiba. Além do contato com a natureza e com o imaginário das lendas, no bosque é possível aprender muito sobre a história da capital paranaense, o que o torna um local ideal para crianças, jovens e adultos. 


Inaugurado em 1996, o Bosque era uma parte da chácara da família Schaffer, que ocupava quase todo o bairro Vista Alegre — popularmente chamado de Jardim Schaffer. Os Schaffer se dedicavam à produção de leite e ao ramo do comércio, pois tinham uma confeitaria na Rua XV de Novembro. Com o tempo, os herdeiros foram loteando o terreno da família, até que restou somente o bosque, que então foi transformado em parque municipal. 


Localizado numa nascente de água que desemboca no Rio Belém e numa região de mata preservada, o Bosque do Alemão dispõe de importantes elementos da cultura alemã, em homenagem aos imigrantes alemães que começaram a chegar a Curitiba na década de 1830. Entre esses elementos, estão: o Oratório Bach, a Torre dos Filósofos, a trilha João e Maria, a Casa da Bruxa e a Casa Mila, todos eles construídos para a inauguração. 

Oratório Bach


O trajeto do Bosque do Alemão começa no Oratório Bach, localizado na esquina da R. Schubert com a R. Nicolo Paganini. Ele é uma réplica da Igreja Presbiteriana construída na Av. Silva Jardim em 1933, mas que décadas depois foi demolida para a construção de uma nova, no mesmo local, pois estava infestada de cupins. Como forma de homenagear a arquitetura alemã, para a inauguração do Bosque foi erguida uma réplica dessa igreja, que leva o nome do compositor alemão Johann Sebastian Bach. Encontra-se na entrada superior do parque e tem capacidade para 100 pessoas. 

Torre dos Filósofos e mirante


Do jardim de entrada, projeta-se a passarela que se estende até o mirante, onde é possível ter uma vista panorâmica do centro de Curitiba. Esse mirante é em madeira e em forma de torre, chamada Torre dos Filósofos, construída para homenagear os filósofos alemães, dentre eles Immanuel Kant (1724-1804) e Friedrich Nietzsche (1884-1900). 

Caminho dos Contos


Na Torre, há escadas de mais de 10 metros que descem até o Caminho dos Contos, que fica em meio à mata e ao lado de uma nascente de água. Esse Caminho conduz o visitante até o final do Bosque, e nele há diversas estruturas de madeira e metal que contam a história de "João e Maria" dos irmãos Grimm, em painéis de azulejo com trechos da fábula e ilustrações.

Casa da Bruxa


No meio do caminho, o visitante se depara com uma pequena casa quase que escondida na mata, que fica ao lado de um açude de água esverdeada. As características da construção e o seu nome, Casa da Bruxa, podem assustar os desavisados, mas não há o que temer: o local é uma biblioteca municipal e também um espaço de contação de histórias por “Bruxinhas”: são  19 professoras enfeitadas de bruxa que estimulam o hábito de leitura e a imaginação em crianças e adultos. Nos finais de semana e feriados, as contações de histórias são abertas e acontecem às 11h, 14h30 e 15h; para as escolas, os agendamentos são durante a semana.


Depois da Casa da Bruxa, segue-se o Caminho dos Contos até o final do Bosque, pelo qual o visitante continua e finaliza a leitura do conto João e Maria. 

Casa Mila


Ao final do Bosque do Alemão, chega-se à bela construção em amarelo erguida junto a árvores e canteiros de flores. Trata-se da réplica da fachada de uma casa que já existiu, mas que foi demolida. Originalmente ela foi construída na rua Barão do Serro Azul, perto da Catedral de Curitiba, e foi morada da família Mylla, sendo por isso popularmente chamada de “Casa Mila” ou “Casa Mylla”. Foi uma das primeiras casas em estilo arquitetônico neoclássico alemão, e por isso se cogitou a sua reforma e preservação.


O frontão da Casa Mila foi reconstruído em versão ampliada da original, mas foram mantidas as mesmas características arquitetônicas. Ela é o símbolo do trabalho de mestres-de-obra alemães que muito contribuíram para a difusão da arquitetura de estilo alemão em Curitiba durante o final do século XIX (a Casa Mila é de 1870, obra do alemão Gotlieb Wielland). Nela moraram o general Plínio Tourinho, um dos fundadores da UFPR, o major Hélio Fernandes Lima, que participou da Guerra do Contestado, a filha do major João Gualberto, morto na Guerra do Contestado, e outras tradicionais famílias da cidade. Ao final, foi propriedade do imigrante Jacomo Mylla e seus herdeiros. Em estado precário, a casa foi demolida em 1985, mesmo com o interesse do IPPUC em reformá-la. 


Por isso, para reparar esse erro da demolição e também para homenagear a imigração e cultura alemãs, foi decidido pela reconstrução da fachada da Casa Mylla no Bosque do Alemão. 


Na frente da fachada, que sempre rende bonitas fotos ao amanhecer e entardecer, o visitante termina sua jornada no Bosque do Alemão na “Praça da Cultura Germânica”, onde ficam canteiros de flores coloridos. 

A história diante dos olhos


Todos esses espaços do Bosque do Alemão remetem à cultura germânica e também à imigração alemã em Curitiba, que muito contribuíram para a formação da cidade. A própria família Schaffer, antiga dona do terreno do Bosque, é de origem germânica, algo que estimulou a transformação de sua propriedade num memorial alemão — antes de ser Bosque do Alemão, o parque era chamado de Memorial da Imigração Alemã. 


Com destaque para aspectos não só arquitetônicos, mas também religiosos, literários, filosóficos e históricos, o Bosque do Alemão é uma um prato cheio para quem quer ar fresco, entretenimento e, principalmente, conhecimento. 

Texto e pesquisa: Gustavo Pitz


Fontes de pesquisa:


MACEDO, Rafael Valdomiro Greca de. Curitiba Luz dos Pinhais. 2º ed. Curitiba: Solar do Rosário, 2018. 592 p.


https://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/bosque-municipal-alemao-memorial-alemao/268


https://www.fotografandocuritiba.com.br/2019/08/trilha-joao-e-maria.html


https://www.fotografandocuritiba.com.br/2019/05/a-antiga-chacara-schaffer.html


https://mid.curitiba.pr.gov.br/2021/00325959.pdf


Post de Cassiana Lacerda no grupo Antigamente em Curitiba, 20/02/19.




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