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A antiga Relojoaria Raeder de Curitiba

Na Rua Riachuelo, na esquina com a Travessa Tobias de Macedo, está o prédio da extinta Relojoaria Raeder, onde há alguns anos funciona um brechó. Do prédio, o que sempre chamou a atenção dos transeuntes é o relógio em verde ardósia fixado na parede externa, que funcionou por mais de 100 anos e foi, por muito tempo, alvo de pedras atiradas por adolescentes peraltas. O relógio em questão foi trazido em 1895 de Leipzig, na Alemanha, pelos irmãos alemães Carl e Roberto Raeder. Dois anos antes, os Reader haviam inaugurado sua relojoaria nessa mesma esquina da Riachuelo.

O que parecia ser um negócio lucrativo, frequentado pela elite curitibana, quase teve fim de forma trágica e misteriosa. Em 1907, Carl decidiu voltar para a Alemanha enquanto seu irmão ficou para gerir a relojoaria. Na travessia de Paranaguá para Santos, porém, o navio em que ele estava sofreu um naufrágio e seu corpo nunca foi encontrado - não se sabe se morreu ou se sobreviveu sem dar notícias. O fato é que Roberto ficou sozinho, o que o levou a mudar a relojoaria (e o icônico relógio) de local - por anos, ficou na Rua das Flores.

A Relojoaria Raeder (e o relógio) só voltou ao seu local de origem em 1937. O prédio original foi demolido em 1925 e no local construiram outro, que se mantém preservado até hoje. Ali, Carl Raeder, filho de Roberto, assumiu o negócio da família e o comandou por toda sua vida. O relojoeiro era figurinha carimbada de Curitiba e também nunca se absteve do trabalho - nonagenário, somente se aposentou compulsoriamente.

Um dia depois de se aposentar, em 18 de novembro de 2002,
Carl Raeder faleceu. Junto a ele, a centenária relojoaria e seu relógio foram aposentados - os familiares ainda guardam suas engrenagens. Já a antiga sede da relojoaria continua em pé e preservada à revelia do tempo.

Texto e pesquisa: Gustavo Pitz

Referências


IUBEL, Aline Fonseca; CORDOVA, Dayana Zdebsky; STOIEV, Fabiano. As muitas vistas de uma rua: histórias e políticas de uma paisagem - Curitiba e a Rua Riachuelo. Curitiba: Máquina de Escrever, 2014. 160 p.


https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/colunistas/jose-carlos-fernandes/a-hora-da-relojoaria-raeder-e-agora-bfg3yd4ipo1dxemb5pj0siihb/

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