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O Príncipe dos Poetas Paranaenses: a trajetória de Emiliano Perneta


Não é apenas aqui que acontece, mas tudo o que se pesquisa sobre o passado do Paraná é incrivelmente dominado por grupos poderosos: homens, ricos, brancos... História, arte, cultura, enfim, todas as áreas em que a gente navega aqui no Turistória.


Com a literatura não seria diferente e a primeira grande data deste ano de 2021, que começa tão carregado de esperança, é nada mais nada menos do que o centenário de falecimento de um grande expoente da nossa poesia: Emiliano Davi Perneta.


Abolicionista e republicano, ele se formou com 23 anos no curso de Direito em São Paulo, no dia 15 de novembro de 1889. Como orador de sua turma, dizem que, enquanto ele defendia suas ideias no discurso de formatura, era proclamada a República do Brasil. Atuou como jornalista no Rio de Janeiro e como Promotor de Justiça em Minas Gerais. Depois de tudo isso, ele voltou ao Paraná no finalzinho do século XIX, em 1896. Em Curitiba, que é considerada sua cidade natal (embora o sítio onde ele nasceu esteja hoje localizado no município de Pinhais), ele também fez de tudo: auditoria, advocacia, magistério e... POESIA!


Emiliano escreveu e publicou várias obras, mas foi em 1911 que seu livro ILUSÂO foi lançado com grande festa num local muito bem preservado até hoje: a Ilha da Ilusão, no centro da cidade de Curitiba, em pleno Passeio Público. Nessa ocasião ele também recebe o título de Príncipe dos Poetas Paranaenses. 


Com tanto reconhecimento, ele agiliza a fundação do Centro de Letras do Paraná (núcleo da atual Academia Paranaense de Letras), que acontece em 19 de dezembro de 1912. Menos de dois anos depois, o poeta lança outra grande obra, o livro “Pena de Talião”.


Emiliano Perneta tinha 55 anos quando morreu na pensão onde morava, na rua XV, em Curitiba. Postumamente ainda foram lançadas mais duas obras: o livro de poemas SETEMBRO, em 1934, e POESIAS COMPLETAS, em 1945, de onde foi retirado o gigante ...


Estes foram dois de seus poemas mais celebres: 


IGUAçU


Ó rio que nasceu onde nasci, ó rio
Calmo da minha infância, ora doce, ora má,
Belo estuário azul, espelhado e sombrio,
Quanto susto me deu, quanto prazer me dá!

Quantas vezes eu só, nessas manhãs d'estio,
Ao vê-lo deslizar, pomposamente, lá,
Pálido não fiquei, tão majestoso vi-o,
Orgulho do Brasil, glória do Paraná!

Companheiro ideal! Durante toda a viagem,
Foi o espelho fiel a refletir a imagem
Dos montes e dos céus, discorrendo através

Da floresta, ora assim como um cão veadeiro,
A fugir, a fugir alegre e alvissareiro,
Ora deitado aqui, quase a lamber-me os pés!


Lembrando que Emiliano foi expoente do Simbolismo no Paraná e um dos precursores do movimento no Brasil, vale mais uma leitura, a do poema...


CORRE MAIS QUE UMA VELA:


Corre mais que uma vela, mais depressa,

Ainda mais depressa do que o vento,

Corre como se fosse a treva espessa

Do tenebroso véu do esquecimento.

 

Eu não sei de corrida igual a essa:

São anos e parece que é um momento;

Corre, não cessa de correr, não cessa,

Corre mais do que a luz e o pensamento...

 

É uma corrida doida essa corrida,

Mais furiosa do que a própria vida,

Mais veloz que as notícias infernais...

 

Corre mais fatalmente do que a sorte,

Corre para a desgraça e para a morte...

Mas que queria que corresse mais!

Por conta dessa gloriosa trajetória artística e pessoal, Emiliano Perneta se tornou um dos maiores agentes políticos da historia do Paraná. Seu nome, que hoje estampa uma importante rua de Curitiba, deve ser lembrado como um dos iniciadores da construção da identidade paranaense

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