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Bar Stuart, o mais antigo do Paraná

Hoje falaremos sobre o Bar Stuart, o bar mais antigo do Paraná e um dos mais tradicionais da cidade de Curitiba. Essa tradição está estampada na própria fachada do bar, que traz sua data de fundação: 1904.

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Origem e proprietários


Em 1904, na Rua Comendador Araújo, foi idealizado por Joseph Richter e fundado pelo casal Stuart (origem do nome do bar) o Bar e Confeitaria Stuart. Inicialmente também levava o nome de confeitaria pois o estabelecimento vendia doces, salgadinhos, sorvetes, entre outros. Tinha como funcionários os irmãos Afonso e Leopoldo Mehl.



Em 1934 os irmãos Mehl compraram o Bar, e ele passou a funcionar na esquina das Ruas Voluntários da Pátria e XV de Novembro, na Boca Maldita. Na década de 1950, o dono do prédio em que o bar estava alocado, Artur Hauer, decidiu por demoli-lo. Constâncio Bocardin, outro comerciante da região, fez aos irmãos a proposta de ceder a eles o seu ponto - onde ficava uma farmácia.


Os Mehl aceitaram a proposta, e o bar se transferiu, em 1954, para o local onde está até hoje - em frente à Praça Osório, esquina com a Alameda Cabral. Três anos depois, em 1957, o prédio que estava sendo construído no antigo lugar do bar ficou pronto, e o proprietário convidou os irmãos a voltarem para lá.


Eles não entraram em consenso quanto à proposta e a sociedade entre os irmãos foi desfeita. Afonso ficou com o Bar Stuart e Leopoldo abriu a Confeitaria Iguaçu.



Alguns anos depois, Afonso passou o Bar para seu cunhado, Ronald Abrão (de apelido “Ligeirinho”), que já havia trabalhado no Stuart quando criança/adolescente. Abrão, por sua vez, fez sociedade com o italiano Dino Chiumento, que já trabalhava há anos no Stuart.


Dino Chiumento começou a administrar o bar em 1973. Lá ele já trabalhava como garçom desde 1949. Ele chegou em Curitiba, vindo da Itália, com 14 anos. Trabalhava em um restaurante de Morretes até ser convidado por Leopoldo Mehl, proprietário à época, para vir trabalhar no Stuart. Aceitou a proposta, começando a trabalhar como garçom e depois passando a administrar o bar.


Ele ficou à frente do Bar até 2008, quando Nelson Ferri o comprou. Ferri era muito conhecido entre os frequentadores do bar e aparece na maioria das fotos mais recentes tiradas no bar, principalmente as com famosos, que estão estampadas nas paredes do estabelecimento.

Ferri veio a falecer em abril de 2021. Ele lutava contra um câncer no pulmão e havia contraído COVID-19, ficando dez dias internado e dois dias entubado.


O bar tem também seus garçons tradicionais, que acabam se tornando amigos dos clientes, entre eles Jorge (o Alemão), Dino Chiumento (que mesmo após não estar administrando o bar continuou como garçom) e Joelson.

Fregueses e amigos do Bar


Como já trouxemos em texto recente aqui no Turistória sobre o Bar Triângulo - outro bar próximo ao Stuart - os bares são espaços em que as sociabilidades se manifestam, em que os frequentadores se sentem à vontade para conversar sobre os mais diversos assuntos.


Com o Stuart não era diferente. Além disso, o Bar ficava próximo à redação de vários jornais da capital paranaense. Diversos jornalistas eram presença frequente no bar, e muitas vezes escreviam as próprias matérias dos jornais de dentro do bar. É o que conta Ronald Abrão, em relato presente no livro “Bares e Restaurantes de Curitiba: décadas de 1950 e 1960”:


"O quadro jornalístico de Curitiba botei dentro do Stuart. Quem fazia os jornais antigamente, fazia dentro do Stuart. Era o Milton Carvalho de Oliveira, o Renato Ribas, o Carlos do Valle, que era dono da Gazeta do Povo, o Zanello, do Paraná Esportivo, o Charchetti, um dos maiores repórteres que Curitiba teve, três vezes ganhador do Prêmio Esso de Reportagem, o Aurélio Benitez. Essa raça fazia as reportagens dentro do Stuart." 


Além dos jornalistas, o Bar também já recebeu diversos políticos e celebridades. Já visitaram o bar tanto políticos de tempos mais remotos como Bento Munhoz da Rocha e Manoel Ribas como de tempos mais atuais, como o ex-presidente Lula e os ex-governadores do Paraná Roberto Requião e Jaime Lerner. Ex-Jogadores de futebol, como o falecido Sicupira - presença frequente - e Romário também já passaram pelo bar.


Artistas, como o poeta curitibano Paulo Leminski, eram frequentadores assíduos do bar. Leminski tinha sua mesa habitual onde costumava se sentar, à entrada do bar, e escrever suas poesias com papel, caneta e um copo de vodca. 


Cardápio tradicional


Ligeirinho, em sua época à frente do bar, começou com a tradição de realizar um sorteio diário de uma rifa valendo algum animal, como um leitão, peru, frango, etc. Um dos pratos mais famosos do bar é o de testículos de boi, introduzido na década de 1970 e o mais conhecido do bar. Ele pode ser servido ao molho ou à milanesa. O prato começou a ser servido na época em que Chiumento estava à frente do Stuart.


Conta ele que a ideia partiu de um fazendeiro do interior. "Ele trouxe a carne para a gente. Preparamos e servimos. O pessoal gostou. Só falamos o que era depois que as pessoas perguntaram", relatou Dino para a Gazeta do Povo em 2014.



São pratos famosos também a carne de onça, a carne de rã, a codorna, o rabo de jacaré, entre outros. Além deles, há também o chopp e as centenas de bebidas disponíveis nas prateleiras do bar.

Com diversas sedes e diversos proprietários ao longo de sua história, o Bar Stuart mantém-se há 117 anos na vida dos curitibanos como um patrimônio da capital paranaense, preservando décadas de tradição e levando o título de bar mais antigo do Paraná.

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