As primeiras perguntas que surgem são: por que no Paraná? Por que em Curitiba? Por que na Lapa? Para entender o motivo que fez do estado um palco da Revolução Federalista em 1894, deve-se entender três circunstâncias.
A primeira é que Curitiba era a principal rota terrestre para se chegar ao Rio de Janeiro. A segunda está relacionada ao histórico apoio das cidades do Paraná ao governo federal. Isso fez do estado um quartel general de tropas legalistas, ou seja, do exército federal. Por isso, tanto Curitiba quanto posteriormente a Lapa foram locais de resistência governamental contra os federalistas.
A terceira é fruto de outro conflito existente naquele momento. Em 1893, membros da marinha descontentes com a política de Floriano Peixoto se rebelaram no Rio de Janeiro, tomaram os navios de guerra e bombardearam a capital. No mesmo momento, eles se uniram aos federalistas, comandando, pelo oceano, cercos às cidades legalistas. Em um certo ponto, maragatos e a marinha chegaram a Ilha do Desterro (atual Florianópolis), em SC, e lá firmaram um governo provisório. Então, eles se dividiram: enquanto as tropas federalistas derrubariam a Lapa e Curitiba rumo a São Paulo, os marinheiros dominariam a cidade de Paranaguá, no litoral, para imobilizar e garantir a queda das tropas governamentais paranaenses.
Com isso, Floriano Peixoto ficava impossibilitado de mandar tropas para Santa Catarina e Rio Grande do Sul e os federalistas garantiam o domínio de ambos os estados. Tão logo, em 15 de janeiro, os maragatos chegaram a Tijucas do Sul. Após 5 dias de lutas, em 20 de janeiro, eles adentraram em Curitiba, cidade que já havia sido abandonada pelas lideranças locais. Tendo em vista a iminência da perda, políticos e militares da capital se deslocaram a Castro (com o governador da época, Vicente Machado) e, posteriormente, a São Paulo.
A destruição de Curitiba só não foi completa pois alguns importantes personagens locais resistiram na cidade e negociaram com os maragatos. Dentre eles, o mais famoso certamente foi o Barão do Serro Azul, responsável por levantar fundos e pagar aos maragatos para que estes libertassem reféns e deixassem Curitiba ilesa. Foram entregues 100 mil contos de réis aos invasores.
Nesse meio tempo, ainda em janeiro, as tropas legalistas se entrincheiravam na cidade da Lapa, a cerca de 65km de Curitiba, para tentar conter o avanço dos maragatos, enquanto o governo federal arranjava meios de enviar mais tropas. Entre 15 de janeiro e 11 de fevereiro, os lapeanos foram cercados pelos revoltosos, antes de serem finalmente derrotados no dia 11, depois de ficarem sem comida e munição. O chamado Cerco da Lapa fez famosas vítimas, dentre elas o general Antônio Ernesto Gomes Carneiro, o coronel Candido Dulcídio Pereira e o tenente José Aminthas da Costa Barros, todos militares legalistas. Atualmente, há várias homenagens aos três líderes assassinados, especialmente com nomes de ruas em diversas cidades paranaenses, incluindo a capital.