A Praça que não era para ter homem e mulher nus
A Praça Dezenove de Dezembro se encontra no final da Riachuelo e é falando dela que finalizamos os conteúdos sobre a rua!
A praça foi inaugurada durante as comemorações do centenário da emancipação política do Paraná, em 19 de dezembro de 1953, e por isso leva esse nome. Do projeto inicial, faziam parte o obelisco e o painel curvo com dois lados: em um, o alto-relevo de autoria de Erbo Stenzel e Humberto Cozzo, e no outro o painel de azulejos de Poty Lazzarotto.
Popularmente, a Dezenove de Dezembro é chamada de Praça do Homem Nu, em referência à escultura central em granito, de 7 metros de altura. A escultura se chama “Homem Paranaense” e foi projetada por Enzel e Cozzo para representar o Paraná caminhando de forma independente. Era para ser colocada em frente ao Palácio Iguaçu, mas como ele não ficou pronto a tempo, a estátua foi deslocada para a praça.
Junto ao obelisco e ao Homem Nu (símbolos fálicos que representavam a virilidade do homem paranaense (sic...) há a Mulher Nua, que também não era para estar ali. Stenzel e Cozzo a criaram para representar a Justiça (esse é o nome dela!) e ser colocada em frente ao Tribunal de Justiça. À época, a conservadora sociedade curitibana foi contra tamanha falta de pudor, pois onde já se viu uma mulher pelada na rua (embora o homem pudesse). Por anos, então, ela ficou escondida atrás do Palácio Iguaçu, até que na década de 70 foi deslocada para a Praça Dezenove de Dezembro.
Acontece que, por isso, há uma grande diferença de tamanho entre o Homem Nu, de 7 metros, e a Mulher Nua, de 3 metros. Se bem que, olhando bem direitinho, talvez o excesso de importância atribuída ao masculino não seja uma contradição aos ideais de época. Talvez, por reparação histórica, seria ideal chamar a Dezenove de Praça da Mulher Nua.
Texto e pesquisa: Gustavo Pitz